Quarta-feira, Junho 08, 2005

Cravan e Crane

Arthur Cravan (1887-1918) e Hart Crane (1899-1932) são reunidos no capítulo doze por terem ambos alegadamente desaparecido nas águas do México sem deixar rastros.

Cravan, dadaísta suíço que dizia ser sobrinho de Oscar Wilde, editava e escrevia (acredita-se que todos os colaboradores eram somente pseudônimos de Cravan) a revista Maintenant (cinco edições publicadas entre 1912 e 1915). Uma tarde, no México, segundo Vila-Matas, foi passear de canoa e nunca retornou. Encontrei versões diferentes do episódio, nenhuma mencionando uma canoa. Aparentemente, Cravan enviou sua esposa grávida para a Argentina e combinou de se encontrar com ela lá. Chegou a escrever uma carta para a mãe dizendo que estava de partida do México e que as próximas cartas deveriam ser mandadas para Buenos Aires. E nunca mais ficaram sabendo notícias suas.

Crane, poeta estadunidense, escreveu longos poemas de inspiração eliotiana, entre eles o famoso The Bridge, sobre a ponte do Brooklyn. Vila-Matas conta que, numa travessia de Veracruz a New Orleans, Crane teria desaparecido depois de conversar com outro passageiro, um comerciante do Nebraska chamado John Martin. Mais uma vez, encontrei versões diferentes para a morte de Crane. A viagem era de volta a New York, não New Orleans. A última conversa com um passageiro aparentemente foi uma cantada mal sucedida que terminou com Crane sendo agredido. E o desaparecimento parece não ter sido tão misterioso, já que todas as fontes que encontrei dizem que o poeta suicidou-se atirando-se do navio.