Bibliotecas imaginárias, este é o tema do capítulo quatorze. As primeiras citadas são as do Alonso Quijana (de
Don Quijote, de Miguel de Cervantes) e do capitão Nemo (de
Vinte Mil Léguas Submarinas, de Jules Verne), que têm em comum o fato de não sabermos exatamente que livros continham mas entendermos que formavam acervo vasto e significativo para seus donos, ambos à vivendo margem de suas respectivas sociedades. No mesmo plano aparece também a
Biblioteca de Alexandria, não exatamente imaginária, porque realmente existiu, mas também residindo no território mítico depois de ter sido destruída.
Vila-Matas menciona também um livro sobre livros imaginários que Blaise Cendrars queria escrever,
Manuel de la Bibliographie des Livres Jamais Publiés Ni Même Écrits. A única referência a isso que encontrei foi um artigo de Claude Leroy, chamado
Manuel de la Bibliographie des Livres Jamais Publiés Ni Même Écrits par Blaise Cendrars, na edição de junho de 1976 da revista Europa. Infelizmente, o
site da revista disponibiliza os índices mas não os textos, portanto não sei exatamente de que trata o artigo.
Blaise Cendrars (1887-1961) era o pseudônimo do escritor suíço Frédéric Louis Sauser, autor de
Moravagine e
Les Confessions de Dan Yack, entre outros. Perdeu um braço na Primeira Grande Guerra e um filho na Segunda Grande Guerra.
A última biblioteca citada, menos imaginária que as outras, é a
Brautigan Library, em Burlington, estado de Vermont, nos EUA, que se propunha a reunir manuscritos nunca publicados, seguindo a idéia apresentada no livro
The Abortion, do Richard Brautigan. Não encontrei um site da biblioteca (e nem sei se ainda funciona), mas achei uma
Brautigan Virtual Library. A ironia de um projeto destes é que, ao ser aceito e incluído no site, o manuscrito deixa de ser "nunca publicado".
O escritor estadunidense
Richard Brautigan (1935-1984) ficou associado com a contracultura dos anos sessenta e escreveu
Trout Fishing in America e
In Watermelon Sugar, entre outros. Suicidou-se com um tiro de espingarda na cabeça.