Bazlen e Giudice
O sétimo capítulo é dedicado a Bobi Bazlen (1902-1965), assessor de editoras italianas (Bompiani, Einaudi, Adelphi) e amigo de escritores famosos (Svevo, Proust, Montale), que dizia: "Creio que já não é possível escrever livros. Portanto, não escrevo mais livros. Quase todos os livros não passam de notas de rodapé, infladas até se transformarem em volumes. Por isso escrevo apenas notas de rodapé." Parece uma afirmação intencionalmente hiperbólica, já que o próprio Bazlen foi responsável pela introdução de vários autores na Itália, como Musil e Kafka. Pois, se achava impossível a escrita de livros, como explicar suas recomendações às editoras?
Ao falar de Bazlen, Vila-Matas apresenta Daniele Del Giudice (nascida em 1949) e seu romance O Estádio de Wimbledon, no qual se pretenderia responder por que Bazlen não escreveu. É interessante que, depois de ter dito no início de Bartleby e companhia que "apenas do labirinto do Não pode surgir a escrita por vir", o narrador agora encontra em Giudice outro caminho, "a moral da forma, o prazer de um objeto bem-acabado". E vai um pouco mais longe: "o romance de Del Giudice ilustra a impossibilidade da escrita, mas também nos indica que podem existir olhares novos sobre novos objetos e que, portanto, é melhor escrever que não o fazer."