Terça-feira, Abril 12, 2005

Gregorio Martínez Sierra

No décimo capítulo, Vila-Matas conta uma história interessante sobre o escritor espanhol Gregorio Martínez Sierra (1881-1947), autor de El Amor Brujo, história que inspirou Manuel de Falla a compor sua obra homônima: "Recentes pesquisaas indicam que todas as suas peças teatrais foram escritas por sua esposa, Dona María de la O Lejárraga, conhecida como María Martínez Sierra." Se a afirmação é verdadeira, seria uma nova modalidade de pulsão negativa, deixar de escrever mas continuar assinando o que outros escrevem.

Domingo, Abril 10, 2005

Artistes sans oeuvres

Vila-Matas menciona na página 34 um livro que parece ser um excelente complemento a Bartleby e companhia: Artistes sans oeuvres (editora Hazan, Paris, 1997), de Jean-Yves Jouannais. Alguém conhece?

Sábado, Abril 09, 2005

Gombrowicz e Cadou

Os personagens principais do nono capítulo são o escritor polonês Witold Gombrowicz e o ágrafo francês Clément Cadou. Conta Vila-Matas que o jovem Cadou, aspirante a escritor, depois de conhecer Gombrowicz pessoalmente ficou de tal forma inibido que não só desistiu da carreira literária mas também passou a dizer que era somente uma peça de mobília: "É que me sinto um móvel, e os móveis, que eu saiba, não escrevem." Não é difícil encontrar informações sobre Witold Gombrowicz (1904-1969), autor de Ferdydurke e Trans-Atlantyk, entre outros. Sobre Clément Cadou, porém, não descobri qualquer referência que não tivesse saído do próprio livro Bartleby e companhia. Vila-Matas cita um estudo de Georges Perec sobre o ocorrido (Retrato do autor visto como um móvel, sempre), mas tampouco consegui localizar o texto. Seria Cadou um dos cinco autores inventados por Vila-Matas e espalhados pelo livro? Ou talvez uma criação do Georges Perec? Alguém teria mais informações sobre o ágrafo que afirmava ser um móvel?

Quarta-feira, Abril 06, 2005

Primo Levi

No oitavo capítulo, Vila-Matas procura mais razões para escrever. Encontra uma em Primo Levi (1919-1987), que passou um ano no campo de concentração de Auschwitz. Segundo o escritor italiano, muitos dos prisioneiros "queriam sobreviver não só por instinto de conservação, mas porque desejavam contar o que haviam visto". Ou seja, a literatura serviria aqui como ferramenta para dar forma perene à memória, como registro e como alerta. O que combina com a clássica caracterização da comunicação como instrumento de modificação da realidade.

Domingo, Abril 03, 2005

A moral da forma

"Em uma descrição bem-feita, ainda que obscena, há algo de moral: a vontade de dizer a verdade. Quando se usa a linguagem para simplesmente obter um efeito, para não ir mais longe do que nos é permitido, incorre-se paradoxalmente em um ato imoral." (página 32)