Segunda-feira, Setembro 05, 2005

Torga e Bettencourt

O capítulo 22 fala de dois escritores portugueses, um que continuava escrevendo, outro que parou de escrever por mais de trinta anos. O primeiro, Miguel Torga (1907-1995), segundo Vila-Matas, teria enviado uma carta ao segundo, Edmundo de Bettencourt (1899-1973), dizendo hiperbolicamente: "O fato de não publicar, senhor Bettencourt, chegou a se transformar, para mim, em um pesadelo." Depois de ter lançado em 1940 um livro de poemas que foi mal recebido pela crítica, Bettencourt calou-se até 1963, quando autorizou a publicação de outro volume, com mais poemas da década de trinta, que também seria mal recebido pela crítica. E, se escreveu outras coisas, nunca as publicou. Quando morreu, um jornal disse que "faleceu em voz baixa".

Quinta-feira, Setembro 01, 2005

Vigaristas

No capítulo 21, Vila-Matas ao mesmo tempo afasta-se do seu tema principal, saltando dos artistas do não para os artistas da impostura, e reaproxima-se de seus protagonistas, citando novamente Duchamp (por que a insistência nele quando não era realmente um escritor e portanto tampouco um exemplar genuíno dos bartlebys que o livro se propõe abordar?) e Melville (autor, além do conto Bartleby the Scrivener, também de The Confidence-Man, livro sobre um vigarista).

The Confidence-Man: His Masquerade foi o último livro em prosa de Herman Melville, publicado no dia 1° de abril de 1857. A ação também se passa num dia 1° de abril, a bordo de um barco no Mississippi, onde o vigarista do título faz um jogo de verdades e mentiras com os outros passageiros. Encontrei uma versão completa do texto disponível online: The Confidence-Man.