Mensagem da Elianne
Por email, a Elianne Abreu também fala do Raduan Nassar:
Raduan tem mais um livro de contos, Menina a Caminho, além de Lavoura Arcaica e Um Copo de Cólera. O Instituto Moreira Salles publicou um livro sobre Raduan, é um belo livro, tem entrevistas, bibliografia e alguns contos. Ele, além de se negar a escrever, também não quer ler mais, diz que só lê obrigado os livros dos amigos. Tem uma fazenda no interior de São Paulo e cultiva grãos, soja, milho, etc. É um homem extraordinário, quem já leu algo dele nunca esquecerá e, tenho certeza, será uma pessoa diferente. Impossível acabar um livro de Raduan impunemente como quem lê qualquer coisa.
É verdade, Raduan Nassar tem um terceiro livro, Menina a Caminho, publicado em 1997 pela Companhia das Letras. Reúne cinco contos, quatro deles aproximadamente da mesma época de Lavoura Arcaica e Um Copo de Cólera, e o último escrito em 1996 para uma publicação do Instituto Moreira Salles dedicada a Nassar mas não publicado a seu próprio pedido. Ele não é o único bartleby que depois de muitos anos de silêncio volta a escrever algo para em seguida se calar novamente.
Pesquisando sobre o Menina a Caminho encontrei um texto da revista Isto É, Silêncio eloquente, no qual Nassar faz uma declaração sobre o seu exílio literário: "Estou dando uma virada radical na minha vida e começo a me perguntar como é que pude entrar por esse cano da literatura. Minha cabeça fervilha com outras coisas, ando às voltas com agricultura e pecuária, procurando me enfronhar sobre tratores e implementos. Tudo isso que nada tem a ver com o pasto das idéias." E também uma alfinetada no mundo dos livros: "Não existem só os pedantes que se perdem num cipoal de palavras para dizer ninharias, existem também orelhas prolixas, sempre dispostas a ouvir as maiores lorotas."
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